Estaria completando 80 anos hoje.
Escritor fraterno, sensível à liberdade, crítico permanente. Em DE PERNAS PRO AR – A ESCOLA DO MUNDO AO AVESSO (LP&M, 1991), escreve “pequenas histórias que ajudam a enxergar a grande”: “O mundo ao avesso nos ensina a padecer a realidade ao invés de transformá-la, a esquecer o passado ao invés de escutá-lo e a aceitar o futuro ao invés de imaginá-lo: assim pratica o crime, assim o recomenda.”
Eduardo Galeano nasceu em 03/09/1940 e faleceu em 13/04/2015 em Montevidéu, vítima de câncer no pulmão. Jornalista e escritor uruguaio, escreveu mais de 40 livros. Sua obra provavelmente mais conhecida, AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA, escrita em 1971, foi banida na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai durante as ditaduras militares. Galeano foi preso durante o golpe militar no Uruguai em 1973 e, referindo-se ao regime militar: “as pessoas estavam na cadeia para que os presos pudessem ser livres.” Exilou-se na Argentina e na Espanha. Em 1985, com a redemocratização, retornou a Montevidéu.
Sua obra segue viva e nos acompanha. “Dos pobres sabemos tudo: em que não trabalham, o que não comem, quanto não pesam, quanto não medem, o que não têm, o que não pensam, em quem não votam, em quem não creem. Só nos falta saber porque os pobres são pobres. Será porque sua nudez nos veste e sua fome nos dá de comer?” (OS FILHOS DOS DIAS).
Sobre a utopia, a frase é do diretor de cinema argentino Fernando Birri e foi tornada célebre por Galeano: “Ela está no horizonte. Me aproximo dois passos e ela se distancia dois passos. Avanço dez passos e o horizonte foge dez passos mais longe. Posso continuar avançando, nunca irei alcançá-la. Para que serve a utopia? Ela serve para isto: caminhar.”
A caminhada segue sempre na luta por uma nova sociedade, justa e para todos.
Obrigado, Galeano, por podermos contar com tua sabedoria e sensibilidade neste percurso!