
Há exatos cem anos, nascia Florestan Fernandes, um dos intelectuais mais importantes da história brasileira. Seu legado é incalculável e segue marcando as novas gerações.
Filho de mãe solteira, que se mudou para a capital paulista para trabalhar como empregada doméstica, Florestan ingressou no mundo do trabalho já aos seis anos de idade. Desde lá, trabalhou em diferentes ofícios, como auxiliar de barbearia, engraxate e garçom. Vivia alternando de moradia em diferentes cortiços de São Paulo.
Seu ingresso, em 1941, no curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, marca uma virada fundamental. Lá, ele iniciaria uma brilhante trajetória acadêmica, escrevendo obras essenciais para a compreensão da realidade social brasileira e tornando-se um dos professores mais prestigiados – nacional e internacionalmente.
A dissertação de Mestrado e tese de Doutorado que escreveu sobre a organização social e a função da guerra entre os indígenas Tupinambá segue sendo referência nos estudos de etnologia. Com a obra “A integração do negro na sociedade de classes”, Florestan conquista a titularidade permanente da cátedra na USP, antes ocupada pelo sociólogo francês Roger Bastide. Essa mesma obra traz uma interpretação singular sobre as relações étnico-raciais no Brasil de até então, afirmando ele existir aqui um “mito da democracia racial”.
Aposentado compulsoriamente pela Ditadura Militar em 1969, o sociólogo parte para o exterior, lecionando em diferentes universidades nos EUA e Canadá, até retornar para São Paulo já no período da abertura. Nesse período de exílio, desenvolve teses sobre as causas do subdesenvolvimento no país, a partir do conceito de capitalismo dependente. Segundo Florestan, o Brasil teria experimentado uma revolução burguesa “não clássica” – sem um episódio específico de ruptura com a velha ordem colonial, o que traria repercussões para a estrutura de classes existente aqui.
Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores na década de 1980, tendo sido eleito Deputado Federal constituinte em 1986 e reeleito para o cargo em 1990 para mais um mandato. Com sérios problemas no fígado, Florestan foi submetido a um transplante mal sucedido, cujas complicações o levaram a óbito em 10 de agosto de 1995. Para o país, seu legado segue PRESENTE e fundamental! Viva Florestan Fernandes!